Percebeu?

Olha so como todas as coisas sao interligadas.

Aquele outro dia que eu estava escrevendo sobre egoismo, cheguei ate o ponto onde disse que o convivio social esta muito distante, ou ate mesmo quase inexistente.

Sabe aquela sensaçao de vazio? Quando voce nao tem com quem conversar, parece pior. Mas ela vem acompanhada de uma sensaçao de que voce nao tem ninguem para conversar por que parece que simplesmente ninguem te entende.

Mesmo estando com alguem, essa pessoa pode te escutar, passar a mao na sua cabeça, mas isso nao significa que ela te entenda. Mesmo rodeado de pessoas, ainda pode surgir a sensaçao de que voce esta sozinho. Seria entao nosso o problema? Ou seria dos outros, que nao nos fazem sentir coisas que a gente gostaria de sentir e por isso temos essa sensaçao de vazio?

O que mais me abisma é quando isso acontece com duas pessoas que se amam. Duas pessoas que convivem diariamente, que dividem assuntos, interesses, pensamentos, e mesmo assim nao tem a capacidade de conversar, ou que quando estao acompanhadas uma da outra ainda assim se sentem vazias.
O convivio com outras pessoas é delicado pois o "querer conviver bem" nao depende so de voce. Voce pode correr atras, querer ajudar, tentar melhorar, participar, fazer de um simples jantar algo um pouco mais especial, tentar conversar, sentar do lado sem nem precisar conversar, abrir mao de algumas coisas, dividir outras, e mesmo assim a outra pessoa pode nao perceber (ou perceber tardiamente) que pra voce so importa que ela seja feliz. E é justamente a falta de percepçao que intriga.

Querer que todos ajam como nos, é egoista demais. Mas ter um minimo de percepçao sobre as coisas deveria ser quesito basico de todo mundo.

O comportamento pode (e deve) ser diferente de pessoa pra pessoa, até mesmo por que a gente aprende com o erro dos outros, e a gente espera que os outros aprendam com nossos erros tambem, mas a partir do momento em que voce expoe pra pessoa que ela errou, que isso ou aquilo nao esta certo, e a pessoa sem percepçao continua fazendo, voce começa a pensar que essa pessoa é ignorante (e com motivo!).

Voltando ao escasso convivio social, li uma materia ontem na internet no site da revista Epoca (a materia saiu em dezembro do ano passado) entitulada Viver bem com pouco, onde o autor expunha a nova ordem global, onde esbanjar e ostentar nao sao mais aspectos abordados, e sim consumir com parcimonia e priorizar a recompensa emocional. Em um certo momento, a materia falava sobre um grupo de dez casais, moradores do mesmo prédio em Sao Paulo, onde uma vez por semana eles se reunem no apartamento de um casal do grupo para conversar, jantar e beber vinho. Os motivos desses encontros sao inumeros! A começar pelo custo beneficio, pois sair em Sao Paulo para comer cordeiro e tomar vinho sairia muito mais caro do que fazer isso na casa do seu vizinho, alem de que nao tem o perigo de voltar dirigindo e ser parado por uma blitz, ou de ter que pagar um taxi para voltar para casa, nao tem o risco de voce ser assaltado ou sequestrado na rua, e claro, a questao do convivio social. “Nada melhor que ficar em casa durante o fim de semana. Só precisamos procurar alguma luz acesa pelo prédio” diz um morador.
Muitas pessoas (e quando eu digo muitas, sao muitas mesmo) sequer sabem o nome do seu vizinho de casa. Voces se encontram todo dia no elevador, moram no mesmo predio, e a unica coisa que conseguem fazer é trocar aquele frio bom dia.

Todas essas atitudes deveriam ser repensadas, pois se continuarmos assim seremos a geraçao infeliz e solitaria, ao contrario daquela que nos criou, oriunda da decada de 60 e 70. Nao quero que a minha filha tenha medo do mundo, de viver, de conversar, de conhecer gente e de buscar a felicidade dela, pois essas sao algumas das coisas que diferem nos, seres humanos, de outros animais.

Espero que voce tambem possa perceber. Parar um pouco de trabalhar, por exemplo, e perceber sem que ninguem te diga que o seu filho so quer conversar com voce. Nao pode ser tao dificil assim.

Close your eyes and I'll kiss you,

Tomorrow I'll miss you

Remember I'll always be true